É frescura

Se eu fizesse uma relação das frases que alguém com Burnout mais detesta ouvir, com certeza a primeira da lista é a que dá título a esse post.

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Vivemos em uma sociedade acostumada a não dar valor para doenças emocionais ou psicológicas, porque elas são invisíveis. Como eu gosto de dizer, Burnout é diferente de uma perna quebrada, que todos vêem. Burnout é silencioso, sorrateiro e te pega na curva. E NIN-GUÉM vê.

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Como diz Caetano, Narciso acha feio o que não é espelho. E as pessoas acham frescura o que não é doença visível. Pior do que achar é querer opinar sobre, como se fosse fácil fazer você sair de um estado de ansiedade, pânico ou letargia e encarar a vida como o Rocky Balboa encara a escada no filme.

“Ah, mas é só um pouquinho de esforço”

“Mas, poxa, por que você não consegue?”

“Já pensou em fazer desse jeito?”

E, no final, a velha frase:

“Viu? É frescura. Elx não quer trabalhar”

O problema é o efeito devastador que isso causa em quem já está doente. Já disse em outro post como é péssimo ficar em casa enquanto todos estão trabalhando. Ou ainda a frustração de não conseguir executar tarefas até então simples e que eram executadas anteriormente, e que lidar com isso simplesmente não é fácil.

E o pior é que esse tipo de comentário vem de quem menos se espera. De um familiar, um conhecido, um amigo. E esses comentários sempre aparecem. Se não for diretamente para você, falarão sobre você.

Mas Burnout é sério, e mata. Doenças psicológicas são sérias e podem matar.  E o descrédito ou o desmerecimento daquilo que o outro está passando são tão nocivos quanto a própria doença, porque a fadiga afeta justamente a capacidade produtiva de uma pessoa que possui Burnout. Julgar essa fadiga, que é clínica, como frescura só deixa o sofrimento ainda pior.

Fonte: Dante Baptista para Burnout é SérioFoto: Wilhan José Gomes para Pixabay

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